
quinta-feira, 16 de abril de 2009
quinta-feira, 5 de março de 2009
XV
Visitei-te Estavas no auge da decadência Encontrei-te nua tacteando o vácuo Não falei Escutaste o meu silêncio Estranhei a tua desinibição Molhaste os lábios com um pouco de whisky e escondeste o olhar A lua estava dentro de ti Desculpa não ter percebido
quarta-feira, 4 de março de 2009
terça-feira, 3 de março de 2009
XIV
Troquemos de papéis na fundura do medo:
Pára de confluir para mim esse teu tumulto
Não vês que é o nada que me persegue?
Pára de inventar episódios mnésicos, vãs considerações estrepitosas
Não vês que, impiedosamente
São teus
Os estremados trechos inibidos
Que marcham, tolhidos
Nos degraus da escada?
Pára de confluir para mim esse teu tumulto
Não vês que é o nada que me persegue?
Pára de inventar episódios mnésicos, vãs considerações estrepitosas
Não vês que, impiedosamente
São teus
Os estremados trechos inibidos
Que marcham, tolhidos
Nos degraus da escada?
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
sunglasses after dark
domingo, 11 de janeiro de 2009
XIII
Reminiscências dessoradas:
Gritas
Sigo o teu rasto deixado nos escombros da memória da noite anterior
Apenas o teu vulto e a luz da janela que se apaga
(quando todas as luzes se apagam há uma que permanece intacta)
Extractos de quimeras da substância primeira
Sentado num banco de jardim pressinto o teu sofrimento
A existência e tu
Gritando
Não saberás nunca o quanto me mata o teu grito
Não saberás se estou vivo num quarto
Ou
Se por debaixo das folhas caducas e da chuva de Inverno
(no meio do tráfego há olhares iluminados,e
um avião que recorta o arco-íris)
A vida estiola a própria realidade
a alma que ainda não o é mas que existe
para além da noite compassiva
um encontro da potência com o acto
na práxis noctívaga
a acção cadenciada de nada-fazer
Nocturna constelação de uma hipotética viagem:
Como se alguma vez fosse dia
Silentes são os rasgos de dor que uivam nos cantos nocturnos da alma
Garras de condor, dilacerantes, agonizantes
Que me tolhem o espírito e me rasgam a carne por dentro
A noite gélida acompanha-me
Citando Kierkekaard na tua boca
Poderia eventualmente estar aqui esquartejando a trágica consciência entre o ser e o querer ,
mas não estou
A fuga para um único lugar mutualista
A fuga para um olhar semi-aberto
Laminosas são as convulsões que rastejam na tétrica abstracção deste lugar
Viagem vagem
O nascimento e o movimento
Cada passo a sua história
O espaço entre as coisas
A luz do silencio opaco
Dentro de ti, imperturbável
A tristeza funda
Pedaços de aço
Um abraço inerte, emudecido
Fugir para quê? Se posso caminhar sem tti
De manhã cedo
Ainda os pássaros nocturnos comunicam
Acordar
Não sei para onde ir
Pensar
Serão meus os pensamentos?
Gritas
Sigo o teu rasto deixado nos escombros da memória da noite anterior
Apenas o teu vulto e a luz da janela que se apaga
(quando todas as luzes se apagam há uma que permanece intacta)
Extractos de quimeras da substância primeira
Sentado num banco de jardim pressinto o teu sofrimento
A existência e tu
Gritando
Não saberás nunca o quanto me mata o teu grito
Não saberás se estou vivo num quarto
Ou
Se por debaixo das folhas caducas e da chuva de Inverno
(no meio do tráfego há olhares iluminados,e
um avião que recorta o arco-íris)
A vida estiola a própria realidade
a alma que ainda não o é mas que existe
para além da noite compassiva
um encontro da potência com o acto
na práxis noctívaga
a acção cadenciada de nada-fazer
Nocturna constelação de uma hipotética viagem:
Como se alguma vez fosse dia
Silentes são os rasgos de dor que uivam nos cantos nocturnos da alma
Garras de condor, dilacerantes, agonizantes
Que me tolhem o espírito e me rasgam a carne por dentro
A noite gélida acompanha-me
Citando Kierkekaard na tua boca
Poderia eventualmente estar aqui esquartejando a trágica consciência entre o ser e o querer ,
mas não estou
A fuga para um único lugar mutualista
A fuga para um olhar semi-aberto
Laminosas são as convulsões que rastejam na tétrica abstracção deste lugar
Viagem vagem
O nascimento e o movimento
Cada passo a sua história
O espaço entre as coisas
A luz do silencio opaco
Dentro de ti, imperturbável
A tristeza funda
Pedaços de aço
Um abraço inerte, emudecido
Fugir para quê? Se posso caminhar sem tti
De manhã cedo
Ainda os pássaros nocturnos comunicam
Acordar
Não sei para onde ir
Pensar
Serão meus os pensamentos?
terça-feira, 11 de novembro de 2008
XII
Vítreo olhar, nua chama
Lume nos teus olhos meus
contraídos músculos, pantomina
Um beijo na flor da orelha
Um novo adeus
Por detrás dos óculos escuros
Pulmões envenenados
decifrando enigmas
respirava, polarizava
Lembro-me então de estar nesse tempo
a volição de procurar a realidade,
o regresso às coisas mesmas
neste lugar a vida pode acabar
o coração e a respiração poderão falhar,
arritmias, manias
ao longe, muito ao longe o teu silêncio
Já não o canto dos melros sim gaivotas
Milhares de gaivotas junto ao mar
Onde não estás
Na distância que nos une - o céu
Lume nos teus olhos meus
contraídos músculos, pantomina
Um beijo na flor da orelha
Um novo adeus
Por detrás dos óculos escuros
Pulmões envenenados
decifrando enigmas
respirava, polarizava
Lembro-me então de estar nesse tempo
a volição de procurar a realidade,
o regresso às coisas mesmas
neste lugar a vida pode acabar
o coração e a respiração poderão falhar,
arritmias, manias
ao longe, muito ao longe o teu silêncio
Já não o canto dos melros sim gaivotas
Milhares de gaivotas junto ao mar
Onde não estás
Na distância que nos une - o céu
terça-feira, 4 de novembro de 2008
XI
Apagava-se a luz e chovia
A cabeça escondida por entre os joelhos.
Quando a lua iluminava a sala,
Despertava, deambulando pela casa.
Sabia premonitório o nefasto andamento
Da melopeia inumada
O som do piano e o estalido dos móveis
Sabia-o, o fantasma de Alfred Cortot
No andar de cima tocando Chopin, Debussy,
Noite fora...
A cabeça escondida por entre os joelhos.
Quando a lua iluminava a sala,
Despertava, deambulando pela casa.
Sabia premonitório o nefasto andamento
Da melopeia inumada
O som do piano e o estalido dos móveis
Sabia-o, o fantasma de Alfred Cortot
No andar de cima tocando Chopin, Debussy,
Noite fora...
terça-feira, 21 de outubro de 2008
X
Nojo e fascínio.
é preciso ser audaz para ser feliz.
a intensidade do fogo primordial de Heraclito a arder nas dunas da praia da saúde.
demasiado tempo. primeiro o papel, depois a caruma, os cardos e a madeira ganhando formas de animais e objectos.
a suprema sustentação do mundo: esta noite ou possuo a tua alma ou o teu corpo. ou te mato ou faço amor contigo.
a vida (pschychê) é o próprio corpo
o sentido: num instante, a imortalidade
deteriorização à priori da vida - reacção ao colapso
possibilidades: construir mundo ou destruir
agonia do próprio sentido
(ser atirado para fora do curso normal das coisas)
metamorfose - inovação do sentido
processo de recuperação de si
catarsis - purificação
violentação do ponto de vista
deitar fogo (queimar completamente o que não interessa)
rejeitar o que é danoso, há ao mesmo tempo algo que se mantêm - possibilidade
A violência é a vida, o aniquilamento a sua morte, sussurra-me ao ouvido, o obscuro, enquanto as chamas se extinguem lentamente
é preciso ser audaz para ser feliz.
a intensidade do fogo primordial de Heraclito a arder nas dunas da praia da saúde.
demasiado tempo. primeiro o papel, depois a caruma, os cardos e a madeira ganhando formas de animais e objectos.
a suprema sustentação do mundo: esta noite ou possuo a tua alma ou o teu corpo. ou te mato ou faço amor contigo.
a vida (pschychê) é o próprio corpo
o sentido: num instante, a imortalidade
deteriorização à priori da vida - reacção ao colapso
possibilidades: construir mundo ou destruir
agonia do próprio sentido
(ser atirado para fora do curso normal das coisas)
metamorfose - inovação do sentido
processo de recuperação de si
catarsis - purificação
violentação do ponto de vista
deitar fogo (queimar completamente o que não interessa)
rejeitar o que é danoso, há ao mesmo tempo algo que se mantêm - possibilidade
A violência é a vida, o aniquilamento a sua morte, sussurra-me ao ouvido, o obscuro, enquanto as chamas se extinguem lentamente
quinta-feira, 17 de abril de 2008
segunda-feira, 14 de abril de 2008
VIII
Frio. Estão geladas as minhas mãos. Aqui permanecerei debaixo desta árvore, até que me venhas buscar.
Vim buscar-te. E já não estavas
Vim buscar-te. E já não estavas
sexta-feira, 11 de abril de 2008
VII
Amo-te, ela disse
Eu também te amo,ele acrescentou
Ou como dentro da conceptualidade do círculo o sangue deles circula.
Eu também te amo,ele acrescentou
Ou como dentro da conceptualidade do círculo o sangue deles circula.
VI
Voltei a reencontrar uma referencia: a palma da minha mão;
que por sua vez se inclui numa mais abrangente: a mão toda.
Isto, numa perspectiva singular, no entanto as mãos ao juntarem-se não se tocam.
Junto ao rosto, uma das mãos,as duas, alternando a simultaneidade e a sua vez única.
Desliza então sobre a face, uma ou as duas mãos, sempre com a palma colada à superfície da pele – é esse o desígnio – para encontrar, finalmente, um equilíbrio, que, ainda que momentâneo me auxilie a evitar o estrangulamento próprio
que por sua vez se inclui numa mais abrangente: a mão toda.
Isto, numa perspectiva singular, no entanto as mãos ao juntarem-se não se tocam.
Junto ao rosto, uma das mãos,as duas, alternando a simultaneidade e a sua vez única.
Desliza então sobre a face, uma ou as duas mãos, sempre com a palma colada à superfície da pele – é esse o desígnio – para encontrar, finalmente, um equilíbrio, que, ainda que momentâneo me auxilie a evitar o estrangulamento próprio
segunda-feira, 17 de março de 2008
Estilhaços
e, porque o espelho reflecte o que não sou, reflecte-me, partindo-me.
The vicious Five - 'bad mirror'
The vicious Five - 'bad mirror'
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
V
Há aqui qualquer coisa.
Uma cruz por sobre a terra. Uma espiral por sob a terra. A mão que saí-a por entre as raízes. As pernas eram cactos, laminas, dobradiças exangues. Os arbustos queimados. As manchas de óleo eram aquelas que eu engoli: petróleo destilado. Havia um leve sorriso que se desenhava nos olhos que expandiam as cicatrizes nas têmporas. as cicatrizes ligavamm-se por um fio eléctrico a antenas de televisão que estando na parte superior do crânio descaiam por sobre os ombros inexistentes.
Apesar dos conceitos estarem todos baralhados, confesso-vos que havia movimento nesta máquina.
Na mistérica tridimensional existência, enquanto individuação e, enfim, enquanto espécime, assemelhava-me a Sicknick. Fuga ou reacção.
(A morte que nos ausenta, está sempre presente)
Comecei pelas pernas, depois, na física solidária coesão, as cartilagens do pescoço finalmente liberto, graças ao desprendimento das coisas não cosmológicas.
Persistência: como desmontar a máquina em plena laboração?
Uma cruz por sobre a terra. Uma espiral por sob a terra. A mão que saí-a por entre as raízes. As pernas eram cactos, laminas, dobradiças exangues. Os arbustos queimados. As manchas de óleo eram aquelas que eu engoli: petróleo destilado. Havia um leve sorriso que se desenhava nos olhos que expandiam as cicatrizes nas têmporas. as cicatrizes ligavamm-se por um fio eléctrico a antenas de televisão que estando na parte superior do crânio descaiam por sobre os ombros inexistentes.
Apesar dos conceitos estarem todos baralhados, confesso-vos que havia movimento nesta máquina.
Na mistérica tridimensional existência, enquanto individuação e, enfim, enquanto espécime, assemelhava-me a Sicknick. Fuga ou reacção.
(A morte que nos ausenta, está sempre presente)
Comecei pelas pernas, depois, na física solidária coesão, as cartilagens do pescoço finalmente liberto, graças ao desprendimento das coisas não cosmológicas.
Persistência: como desmontar a máquina em plena laboração?
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
IV
Coisas nos bolsos. É nos bolsos que guardo os meus sentimentos, que os escondo. As coisas, os símbolos, as vivências. Nú, sem bolsos, recupero os meus gestos fecundos, ontogénicos.
Hey Joe
Tenebroso e envolvente - Nick Cave, Charlie Haden and Toots Thielemans revisitando recônditas obscuridades
III
(o eterno retorno aos comprimidos existencialistas)
Fake mater: dissimulação - os figurantes, o governador civil, os assistentes da opera ovogénica, o pseudo- psiquiatra cantando la donna è mobile, os casamentos - no fundo a representação vital, os actores fenoménicos percepcionando a própria coisicidade das coisas aguardam apenas pela vagina dentata, pelo desvelamento.. desvelar? não. ESventrar o ser. mas eu não quero saber de nada disto, pelo menos enquanto não me crescer a franja do cabelo.
Era só o que tinha que fazer: correr. Sentir, como Thèrese gostaria de ter sentido os músculos das nádegas exercitarem-se. Correr, tão somente e tão complexo.
Fake mater: dissimulação - os figurantes, o governador civil, os assistentes da opera ovogénica, o pseudo- psiquiatra cantando la donna è mobile, os casamentos - no fundo a representação vital, os actores fenoménicos percepcionando a própria coisicidade das coisas aguardam apenas pela vagina dentata, pelo desvelamento.. desvelar? não. ESventrar o ser. mas eu não quero saber de nada disto, pelo menos enquanto não me crescer a franja do cabelo.
Era só o que tinha que fazer: correr. Sentir, como Thèrese gostaria de ter sentido os músculos das nádegas exercitarem-se. Correr, tão somente e tão complexo.
domingo, 9 de dezembro de 2007
II
Sicknick não era um erro, nem biológico, orgânico, muito menos crucial. Amarravam-no (e eu sabia-o bem porque passaria pelo mesmo9 à cama prendendo-lhe os pulsos e o ventre com umas corda atadas por u cadeados. O sangue das m~´aos . o grito 8ainda) furioso) e enlouquecido da alma. Sabia-o bem. O desespero de gritar por ninguém , o desespero de nõ me ouvir.
Que idade tens Sicknick?
Presumivelmente fugidia mas pronta, sem hesitações a resposta: 10 anos. Ai Sim?, insisto: - em que ano nasceste? Como se adivinhasse a pergunta: -Ainda não saí do buraco.
Pareceu-me com vontade de prosseguir respondendo mas fiquei elucidado e parei continuando em sentido côncavo – mais alguns dias, quantos nunca saberei ao certo.
Há lugares que nos trazem lembranças dispares, normalmente esses locais estão impregnados de caganitas de pássaro.
(se eu conseguir extirpar este aranhiço da geometria impossível do meu crânio talvez me consiga salvar)
Sou um anjo. E sou louco. E Dispenso a vossa normalidade. Talvez não o saibam mas são estas as palavras que vos observam na sua invisível transmissibilidade.
Look at me – look at your fucki’n shadow
Look at your mistress teardrops raped by yourself . Sicknick sentava-se à minha frente durante as refeições, alem de alguns múrmurios ininteligíveis, cuspia ou vomitava as papas previamente elaboradas para o seu estômago sensível – homem pequeno, vagueante, obsessivo, parava e arrancava vezes sem conta, logo, era para ele um suplicio estar ali sentado tentando deglutir o que quer que fosse, apenas os comprimidos o pareciam satisfazer. Nessas alturas vislumbrava-lhe um esgar vitorioso. Eis-me o vosso demente preferido aquele que representa o papel escolhido .
por qualquer desígnio que me ultrapassa. Deus usurpador estará com certeza por detrás disto.
Questionar, eis o pecado mortal nesta instituição. A língua arde com um anti-psicótico e acabam-se as perguntas. A fisionomia mime fica-se numa norma pré-estabelecida. A entoação esbate-se. A argumentação é um bicho do mato liminarmente abatido.- (a língua continua interminavelmente a arder) os cigarros sucedem-se
O sangue novamente, nos lábios, nas guelras do peixe morto. o vermelho e eu que era o peixe. O homem-peixe. O escolhido e o primeiro que encontrou o esqueleto de sicknick depois de o esventrar. Ele, complacente agradeceu a redenção.
Sabem, eu vi o Homem-peixe dentro de água sobrevivendo dentro de uma redoma de vidro, quando ainda era muito novo e sabia que eu era ele – uma busca aleatória com um fim determinado, apenas uma questão de tempo. Intermutências intermitentes. Na verdade nunca fui ninguém, um pouco de tudo um pouco de nada, a mónada desarmonizada, sem asas e sem túmulo, continuamente observando-vos apenas e só.
A cavidade nasal direita, o anús, o osso externo do peito (fiquemos-nos por aqui) – algumas das partes invioláveis à água por parte do corpo de Thèrese. Inter rinas et faeces nascimur algures. sentada às refeições
do meu lado esquerdo, invariavelmente vestida com o mesmo desbotado robe e a descascar maças.- Ai valha-me nossa senhora, tinha que ficar ao lado deste estafermo repugnante, referindo-se a sicknick. Tem uma voz arrastada mas ao mesmo tempo estridente, os olhos baços parecem por vezes saltar-lhe das órbitas, a fisiologia esquálida, avoluma-se de tal forma por intoxicação medicamentosa, explodindo os dentes e restos de comida para cima da mesa e restantes comensais. Gosta de mim. Aprecia a minha sobriedade e a minha insistência em ser informado do que se passa a minha volta. Não raras vezes senti por debaixo da mesa os seus pés fura peúgas a roçar-me nos tornozelos. Amamo-nos uma vez junto à maquina expresso enquanto introduzíamos trocos e esperávamos a saída dos cappuccinos. Decididamente, agarrou-me o sexo e esfregou-o no clitóris hirto. Finalmente penetrei-a enquanto uma mão subia pela coxa esquerda por debaixo do robe pútrido e a com a outra saboreava o cappuccino já disponível.
No fim abraçou.me e recolheu o seu troco.
Minto: uma segunda nos amamos de forma granulada ainda antes de a matar, mas a explicação ficará para mais tarde.. Além da mania das limpezas utilizava a sua sapiência heliográfica para nos entreter durante as horas mortas. (os matraquilhos não tinham bola para jogar).
Maura não podia sofrer. Sentada do meu lado direito. Foi a primeira a alertar-me para o perigo de dar cigarros indiscriminadamente aos cravas, conselho que segui escrupulosamente, mas que ela , curiosamente, não. Nos raros instantes em que pôde sofrer, Maura foi feliz. Tomávamos banho juntos e ficávamos durante horas de olhos fechados a sentir a insobriedade. Circunstancialmente asfixiei a outra personagem quando deixou de chorar, a mascara jazeu a meus pés. O altruísmo de carácter egoísta não saberia lidar com as duas directivas sobrevivência/reprodução.
Que idade tens Sicknick?
Presumivelmente fugidia mas pronta, sem hesitações a resposta: 10 anos. Ai Sim?, insisto: - em que ano nasceste? Como se adivinhasse a pergunta: -Ainda não saí do buraco.
Pareceu-me com vontade de prosseguir respondendo mas fiquei elucidado e parei continuando em sentido côncavo – mais alguns dias, quantos nunca saberei ao certo.
Há lugares que nos trazem lembranças dispares, normalmente esses locais estão impregnados de caganitas de pássaro.
(se eu conseguir extirpar este aranhiço da geometria impossível do meu crânio talvez me consiga salvar)
Sou um anjo. E sou louco. E Dispenso a vossa normalidade. Talvez não o saibam mas são estas as palavras que vos observam na sua invisível transmissibilidade.
Look at me – look at your fucki’n shadow
Look at your mistress teardrops raped by yourself . Sicknick sentava-se à minha frente durante as refeições, alem de alguns múrmurios ininteligíveis, cuspia ou vomitava as papas previamente elaboradas para o seu estômago sensível – homem pequeno, vagueante, obsessivo, parava e arrancava vezes sem conta, logo, era para ele um suplicio estar ali sentado tentando deglutir o que quer que fosse, apenas os comprimidos o pareciam satisfazer. Nessas alturas vislumbrava-lhe um esgar vitorioso. Eis-me o vosso demente preferido aquele que representa o papel escolhido .
por qualquer desígnio que me ultrapassa. Deus usurpador estará com certeza por detrás disto.
Questionar, eis o pecado mortal nesta instituição. A língua arde com um anti-psicótico e acabam-se as perguntas. A fisionomia mime fica-se numa norma pré-estabelecida. A entoação esbate-se. A argumentação é um bicho do mato liminarmente abatido.- (a língua continua interminavelmente a arder) os cigarros sucedem-se
O sangue novamente, nos lábios, nas guelras do peixe morto. o vermelho e eu que era o peixe. O homem-peixe. O escolhido e o primeiro que encontrou o esqueleto de sicknick depois de o esventrar. Ele, complacente agradeceu a redenção.
Sabem, eu vi o Homem-peixe dentro de água sobrevivendo dentro de uma redoma de vidro, quando ainda era muito novo e sabia que eu era ele – uma busca aleatória com um fim determinado, apenas uma questão de tempo. Intermutências intermitentes. Na verdade nunca fui ninguém, um pouco de tudo um pouco de nada, a mónada desarmonizada, sem asas e sem túmulo, continuamente observando-vos apenas e só.
A cavidade nasal direita, o anús, o osso externo do peito (fiquemos-nos por aqui) – algumas das partes invioláveis à água por parte do corpo de Thèrese. Inter rinas et faeces nascimur algures. sentada às refeições
do meu lado esquerdo, invariavelmente vestida com o mesmo desbotado robe e a descascar maças.- Ai valha-me nossa senhora, tinha que ficar ao lado deste estafermo repugnante, referindo-se a sicknick. Tem uma voz arrastada mas ao mesmo tempo estridente, os olhos baços parecem por vezes saltar-lhe das órbitas, a fisiologia esquálida, avoluma-se de tal forma por intoxicação medicamentosa, explodindo os dentes e restos de comida para cima da mesa e restantes comensais. Gosta de mim. Aprecia a minha sobriedade e a minha insistência em ser informado do que se passa a minha volta. Não raras vezes senti por debaixo da mesa os seus pés fura peúgas a roçar-me nos tornozelos. Amamo-nos uma vez junto à maquina expresso enquanto introduzíamos trocos e esperávamos a saída dos cappuccinos. Decididamente, agarrou-me o sexo e esfregou-o no clitóris hirto. Finalmente penetrei-a enquanto uma mão subia pela coxa esquerda por debaixo do robe pútrido e a com a outra saboreava o cappuccino já disponível.
No fim abraçou.me e recolheu o seu troco.
Minto: uma segunda nos amamos de forma granulada ainda antes de a matar, mas a explicação ficará para mais tarde.. Além da mania das limpezas utilizava a sua sapiência heliográfica para nos entreter durante as horas mortas. (os matraquilhos não tinham bola para jogar).
Maura não podia sofrer. Sentada do meu lado direito. Foi a primeira a alertar-me para o perigo de dar cigarros indiscriminadamente aos cravas, conselho que segui escrupulosamente, mas que ela , curiosamente, não. Nos raros instantes em que pôde sofrer, Maura foi feliz. Tomávamos banho juntos e ficávamos durante horas de olhos fechados a sentir a insobriedade. Circunstancialmente asfixiei a outra personagem quando deixou de chorar, a mascara jazeu a meus pés. O altruísmo de carácter egoísta não saberia lidar com as duas directivas sobrevivência/reprodução.
sábado, 8 de dezembro de 2007

Esta obra está licenciada sob uma Licença'>http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/pt/">Licença Creative Commons.
domingo, 8 de julho de 2007
Síndrome Baudelaire
Hoje, antes de lavar os dentes, confundiu blancheur com flaneur e fraicheur com voyeur.
quarta-feira, 25 de abril de 2007
I
Plano inclinado, a estrada é o seu palco.
Ontem os preparativos: Rose, Mãe de três filhos, menos um, assassinado. Deambulando, descendo e voltando a subir para o mesmo sitio dentro do mesmo raio de acção; gesticulando, a mão direita embatendo furiosamente no peito. Ininteligivel, o solilóquio, algo entre a revolta de a tratarem por pessoa de cor e o orgulho de ser enfermeira, já o pai tinha a mesma profissão, diz (aqui uma expressão vaga e ao mesmo tempo constrangida), "mas já morreu".
Hoje a celebração. A janela preenchida pela silhueta de Rose. O amor entre um homem e uma mulher, eis a dissertação trazida pelo vento.
Ontem os preparativos: Rose, Mãe de três filhos, menos um, assassinado. Deambulando, descendo e voltando a subir para o mesmo sitio dentro do mesmo raio de acção; gesticulando, a mão direita embatendo furiosamente no peito. Ininteligivel, o solilóquio, algo entre a revolta de a tratarem por pessoa de cor e o orgulho de ser enfermeira, já o pai tinha a mesma profissão, diz (aqui uma expressão vaga e ao mesmo tempo constrangida), "mas já morreu".
Hoje a celebração. A janela preenchida pela silhueta de Rose. O amor entre um homem e uma mulher, eis a dissertação trazida pelo vento.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
Morphine
durante um pseudo jogo de snooker (every thursday, thursday in the afternoon), de taco na mão, o impreciso comentário de um dos zombies presentes: 'o que tú queres sei eu'. Caiu redonda, em seguida, a aviltante criatura. O que raio quereria eu?
segunda-feira, 26 de março de 2007
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