domingo, 11 de janeiro de 2009

XIII

Reminiscências dessoradas:
Gritas
Sigo o teu rasto deixado nos escombros da memória da noite anterior
Apenas o teu vulto e a luz da janela que se apaga
(quando todas as luzes se apagam há uma que permanece intacta)
Extractos de quimeras da substância primeira
Sentado num banco de jardim pressinto o teu sofrimento
A existência e tu
Gritando
Não saberás nunca o quanto me mata o teu grito
Não saberás se estou vivo num quarto
Ou
Se por debaixo das folhas caducas e da chuva de Inverno
(no meio do tráfego há olhares iluminados,e
um avião que recorta o arco-íris)
A vida estiola a própria realidade
a alma que ainda não o é mas que existe

para além da noite compassiva
um encontro da potência com o acto
na práxis noctívaga
a acção cadenciada de nada-fazer


Nocturna constelação de uma hipotética viagem:
Como se alguma vez fosse dia
Silentes são os rasgos de dor que uivam nos cantos nocturnos da alma
Garras de condor, dilacerantes, agonizantes
Que me tolhem o espírito e me rasgam a carne por dentro
A noite gélida acompanha-me
Citando Kierkekaard na tua boca
Poderia eventualmente estar aqui esquartejando a trágica consciência entre o ser e o querer ,
mas não estou
A fuga para um único lugar mutualista
A fuga para um olhar semi-aberto
Laminosas são as convulsões que rastejam na tétrica abstracção deste lugar
Viagem vagem
O nascimento e o movimento
Cada passo a sua história
O espaço entre as coisas
A luz do silencio opaco
Dentro de ti, imperturbável
A tristeza funda
Pedaços de aço
Um abraço inerte, emudecido
Fugir para quê? Se posso caminhar sem tti

De manhã cedo
Ainda os pássaros nocturnos comunicam
Acordar
Não sei para onde ir
Pensar
Serão meus os pensamentos?

Soulsavers - Revival